Alfredo Cruz, dono de várias empresas, é ‘perseguido’ pela Brigada Fiscal mas admirado pelos agricultores
‘Operação Viriato’ - acusado de fraude fiscal e associação criminosa
Rei do vinho a granel em prisão domiciliária
Alfredo Cruz, conhecido no sector vitivinícola como ‘Samarreiro’, está de novo envolvido num negócio de vinho que as autoridades acreditam ser "fraudulento". Considerado um dos maiores negociadores de vinho a granel, o empresário e mais quatro pessoas foram detidos pela Brigada Fiscal da GNR por suspeita dos crimes de associação criminosa, fraude fiscal e introdução fraudulenta no consumo de bebidas alcoólicas.
Segundo fonte ligada às investigações, o modus operandi dos cinco suspeitos – que tinham relações comerciais entre si – consistia em utilizar firmas inactivas para, em sede de IVA e IRC e através "de facturas falsas", lesar o Estado. Foram apreendidos 500 mil litros de vinho e 34 mil euros em dinheiro.
"Por aquilo que já foi possível apurar, estamos a falar de valores nunca inferiores a dois milhões de euros", refere um elemento da Brigada Fiscal da GNR.
Alfredo Cruz foi detido de madrugada na sua residência em Viseu, durante uma investigação que durava há ano e meio e que se estendeu a várias regiões do País. "Colaborou com a investigação mas negou os crimes de que está indiciado", diz a fonte.
Foi presente ao juiz do Tribunal da Boa-Hora,emLisboa, que lhedeterminou prisão domiciliária.Se, por um lado, tem sido um alvo das autoridades fiscalizadoras, por outro, Alfredo Cruz é visto por centenas de vitivinicultores da Região Centro como o ‘salvador’ do sector do vinho.É ele que compra as uvas aos pequenos agricultores,substituindo-se às cooperativas–a maior parte delas falidas. "É uma pessoa muito séria, que paga a tempo e horas e que tem ajudado muitos agricultores. Se não fosse ele, muitos homens da terra já tinham morrido à fome", disse ao CM um vitivinicultor.
PERFIL
Alfredo Cruz, de 77 anos, é natural de Tondela mas vive em Viseu. É visto como um empresário à moda antiga, para quem a palavra vale mais do que o dinheiro. Subiu na vida. É patrão, mas comporta-se como empregado, disponível para o que for necessário.
Fonte: Correio da Manhã